sábado, 3 de maio de 2008

Ciúmes e Anseios

Ciúmes e Anseios,

Eu sinto ciúmes desse seu cigarro
que você fuma tão distraidamente.

E do lençol que roça furtivamente
nos teus pés.
Sinto ciúmes dessa camisa amarrotada,
dessa calça puída,
que permanecem tão rentes ao teu corpo.
Eu sinto ciúmes desse ar que espreita à tua boca
e mergulha fundo em teu ser.


Quero esse átimo
em que o tempo te consome,
em que o tempo te devasta sutilmente.
Quero viver nessa intermitência do teu coração,
que pulsa intensamente.
Quero te roubar os gestos negligentes,
o sorriso arqueado
que ilumina minha noite,
que ilumina minha escuridão.
Quero te trancafiar nesse quarto,
quero te aprisionar nessa cama
junto com meus sonhos e delírios.

Quero te afastar daquelas paredes,
elas se interpõem entre nós.

Quero, dentre destes todos poentes,
encontrar em ti a aurora desse momento,
o despertar da minha vida.

Quero viver em ti, quero me consumir em ti,
quero que essa madrugada se finde
e tu surjas, meu eterno amanhecer.


Rafael Souza Barbosa.