Amor Falado,
Oscilo no fim da tarde de domingo
como a luz do sol ante as nuvens fragmentárias.
O olhar se perde na parede marfim
enquanto o corpo se contorce languidamente na cama,
lasso, estalando a carcaça que o sustenta.
O olhar segue para a janela e
as árvores ao fundo parecem frondejantes,
como se fosse primavera.
Minhas palavras armadas se combinam e
formam poderosas sentenças,
repletas de pontos ocasionais que
exprimem a mais abastada intensidade.
Eu me viro para o outro lado e ressono,
é um discurso que se perde no hábito.
Do coração furta-se o mais profundo silêncio.
Rafael Souza Barbosa.
domingo, 12 de outubro de 2008
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Pássaro interior
Há um pássaro dentro de mim
Ele quer, ele precisa
Nem que isso custe a própria vida
Voar!
Sara A. Carra
Ele quer, ele precisa
Nem que isso custe a própria vida
Voar!
Sara A. Carra
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Sentimentos que me Buscam
Sentimentos que me Buscam
Estou de frente
para os meus
sentimentos.
Eles me buscam,
me procuram
Vejo em seus olhos
uma necessidade
de carinho.
Vejo em seus rostos
o quanto eles precisam
de minha atenção,
de minha compreensão.
Eu nada digo.
Eles querem apenas
serem ouvidos.
Sua linguagem é
a emoção,
pois desconhecem
o significado
das palavras.
Por isso, eu escuto
as lágrimas.
Por isso, eu observo
os gestos.
Por isso, eu seguro
suas mãos e fico
em silêncio enquanto
sinto meu coração bater.
Letícia Rocha
Estou de frente
para os meus
sentimentos.
Eles me buscam,
me procuram
Vejo em seus olhos
uma necessidade
de carinho.
Vejo em seus rostos
o quanto eles precisam
de minha atenção,
de minha compreensão.
Eu nada digo.
Eles querem apenas
serem ouvidos.
Sua linguagem é
a emoção,
pois desconhecem
o significado
das palavras.
Por isso, eu escuto
as lágrimas.
Por isso, eu observo
os gestos.
Por isso, eu seguro
suas mãos e fico
em silêncio enquanto
sinto meu coração bater.
Letícia Rocha
sábado, 12 de julho de 2008
Algumas frases
Só tem uma pessoa que é minha dona: eu mesma.
Um dia, você aprende que a vida ñ se faz em 9 meses, se faz a cada instante em que se vive.
Ninguém me domina; no máximo, me faz amar.
Se pudesse voltar no tempo não o faria; pedras preciosas só valem muito porque são raras.
Um dia, o mundo terá que escolher entre o prazer e a justiça.
Sara A. Carra
*Todas as frases são minhas*
Um dia, você aprende que a vida ñ se faz em 9 meses, se faz a cada instante em que se vive.
Ninguém me domina; no máximo, me faz amar.
Se pudesse voltar no tempo não o faria; pedras preciosas só valem muito porque são raras.
Um dia, o mundo terá que escolher entre o prazer e a justiça.
Sara A. Carra
*Todas as frases são minhas*
terça-feira, 3 de junho de 2008
Sou o que sou
Sou filho da terra
Sou carne do pão
Sou amor e ódio
Na palma da mão
Sou engenheiro de mim
Sou meu morador
Sou água e capim
Sou meu orador
Sou minha doença
Sou o próprio remédio
Sou minha nascença
Sou o próprio tédio
Sou meu pintor
Sou meu escritor
Sou a ignorância
Meu próprio leitor
Sou o que se espera
Sou o que não quer mais
Sou uma nova esperança
Sou uma nova era.
Sara A. Carra
Sou carne do pão
Sou amor e ódio
Na palma da mão
Sou engenheiro de mim
Sou meu morador
Sou água e capim
Sou meu orador
Sou minha doença
Sou o próprio remédio
Sou minha nascença
Sou o próprio tédio
Sou meu pintor
Sou meu escritor
Sou a ignorância
Meu próprio leitor
Sou o que se espera
Sou o que não quer mais
Sou uma nova esperança
Sou uma nova era.
Sara A. Carra
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Próximos, Ligados e Distantes
Estou tão próxima e ao mesmo tempo tão distante. Vivo a poucos metros de onde vivem pessoas. Pessoas que, assim como eu, possuem uma vida, compromissos, rotina e afazeres. Porém, há uma distância entre eu e elas. A distância que se manifesta pelo fato de não as conhecer.
Olho pela janela e vejo tantos prédios, luzes acesas, sinal de que alguém está presente ou esteve há pouco por ali. Penso no quanto os moradores podem ser semelhantes a mim. Sentem medo, dor, tristeza ou alegria, amam. Ao mesmo tempo tão diferentes no jeito, nos gostos, preferências.
Imagino o quanto nossas vidas podem estar relacionadas, embora não pareça. Talvez alguém seja meu futuro professor, ou o autor de um texto que lerei, ou quem sabe o amigo de um amigo meu. Vivendo tão perto, não os conheço.
Ao parar para refletir, percebo que apesar da globalização, existe uma grande distância entre nós. Andando pela rua, posso cruzar com alguém e esse alguém pode viver a dez metros de minha casa e simplesmente posso nunca tê-lo visto antes. Nada sei a respeito dele. Porém essa distância deve ser respeitada. Todos nós estamos ligados de alguma forma estando próximos ou não.
Olho pela janela e vejo tantos prédios, luzes acesas, sinal de que alguém está presente ou esteve há pouco por ali. Penso no quanto os moradores podem ser semelhantes a mim. Sentem medo, dor, tristeza ou alegria, amam. Ao mesmo tempo tão diferentes no jeito, nos gostos, preferências.
Imagino o quanto nossas vidas podem estar relacionadas, embora não pareça. Talvez alguém seja meu futuro professor, ou o autor de um texto que lerei, ou quem sabe o amigo de um amigo meu. Vivendo tão perto, não os conheço.
Ao parar para refletir, percebo que apesar da globalização, existe uma grande distância entre nós. Andando pela rua, posso cruzar com alguém e esse alguém pode viver a dez metros de minha casa e simplesmente posso nunca tê-lo visto antes. Nada sei a respeito dele. Porém essa distância deve ser respeitada. Todos nós estamos ligados de alguma forma estando próximos ou não.
Letícia Rocha
sábado, 10 de maio de 2008
Incompletudes
Incompletudes,
poema a J. L. Borges,
Não sei,
falta-me um sentido, um tacto.
Falta-me um olhar inquiridor,
uma constância do tempo.
Falta-me a aurora,
as estrelas matutinas.
Faltam-me mãos e braços
de uma solidez colossal.
Faltam-me a fórmula da panacéia
e o segredo do idilismo.
Falta-me o tom da madrugada,
o eco do suspiro.
Falta-me sensatez,
falta-me lógica de raciocínio.
Falta-me o essencial,
que se excede em prolixidade.
Sobram-me carências,
e o uivo que dilata.
Rafael Souza Barbosa.
poema a J. L. Borges,
Não sei,
falta-me um sentido, um tacto.
Falta-me um olhar inquiridor,
uma constância do tempo.
Falta-me a aurora,
as estrelas matutinas.
Faltam-me mãos e braços
de uma solidez colossal.
Faltam-me a fórmula da panacéia
e o segredo do idilismo.
Falta-me o tom da madrugada,
o eco do suspiro.
Falta-me sensatez,
falta-me lógica de raciocínio.
Falta-me o essencial,
que se excede em prolixidade.
Sobram-me carências,
e o uivo que dilata.
Rafael Souza Barbosa.
sábado, 3 de maio de 2008
Ciúmes e Anseios
Ciúmes e Anseios,
Eu sinto ciúmes desse seu cigarro
que você fuma tão distraidamente.
E do lençol que roça furtivamente
nos teus pés.
Sinto ciúmes dessa camisa amarrotada,
dessa calça puída,
que permanecem tão rentes ao teu corpo.
Eu sinto ciúmes desse ar que espreita à tua boca
e mergulha fundo em teu ser.
Quero esse átimo
em que o tempo te consome,
em que o tempo te devasta sutilmente.
Quero viver nessa intermitência do teu coração,
que pulsa intensamente.
Quero te roubar os gestos negligentes,
o sorriso arqueado
que ilumina minha noite,
que ilumina minha escuridão.
Quero te trancafiar nesse quarto,
quero te aprisionar nessa cama
junto com meus sonhos e delírios.
Quero te afastar daquelas paredes,
elas se interpõem entre nós.
Quero, dentre destes todos poentes,
encontrar em ti a aurora desse momento,
o despertar da minha vida.
Quero viver em ti, quero me consumir em ti,
quero que essa madrugada se finde
e tu surjas, meu eterno amanhecer.
Rafael Souza Barbosa.
Eu sinto ciúmes desse seu cigarro
que você fuma tão distraidamente.
E do lençol que roça furtivamente
nos teus pés.
Sinto ciúmes dessa camisa amarrotada,
dessa calça puída,
que permanecem tão rentes ao teu corpo.
Eu sinto ciúmes desse ar que espreita à tua boca
e mergulha fundo em teu ser.
Quero esse átimo
em que o tempo te consome,
em que o tempo te devasta sutilmente.
Quero viver nessa intermitência do teu coração,
que pulsa intensamente.
Quero te roubar os gestos negligentes,
o sorriso arqueado
que ilumina minha noite,
que ilumina minha escuridão.
Quero te trancafiar nesse quarto,
quero te aprisionar nessa cama
junto com meus sonhos e delírios.
Quero te afastar daquelas paredes,
elas se interpõem entre nós.
Quero, dentre destes todos poentes,
encontrar em ti a aurora desse momento,
o despertar da minha vida.
Quero viver em ti, quero me consumir em ti,
quero que essa madrugada se finde
e tu surjas, meu eterno amanhecer.
Rafael Souza Barbosa.
domingo, 20 de abril de 2008
Paisagem, História e Melodia
Sou um lápis a escrever a vida
Meus pensamentos são as mãos
Que me conduzem
Me movimento livremente
Sou um pincel
A pintar distraidamente
Sou conduzido por minhas emoções
São elas que escolhem
Cada cor do que vivo
A pintar distraidamente
Sou conduzido por minhas emoções
São elas que escolhem
Cada cor do que vivo
Sou os dedos que deslizam
Pelo piano suavemente
Toco a música que movimenta
Minha vida
Pelo piano suavemente
Toco a música que movimenta
Minha vida
Leio, escuto e vejo
Tudo aquilo que forma
Cada ponto da paisagem,
Da história, da melodia
Do meu viver
Tudo aquilo que forma
Cada ponto da paisagem,
Da história, da melodia
Do meu viver
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Irremediável
Irremediável,
A síntese da despedida
é a certeza da nulidade.
Estamos apartados,
estamos além do alcance da palavra.
O gesto não se forma,
os lábios escandem silêncios.
Nossa excitação se desfez,
não nos ligamos
como gesto de reciprocidade.
Jazemos em um vácuo lexical,
sem significantes, sem significação.
Somos a ausência do discurso.
Rafael Souza Barbosa.
A síntese da despedida
é a certeza da nulidade.
Estamos apartados,
estamos além do alcance da palavra.
O gesto não se forma,
os lábios escandem silêncios.
Nossa excitação se desfez,
não nos ligamos
como gesto de reciprocidade.
Jazemos em um vácuo lexical,
sem significantes, sem significação.
Somos a ausência do discurso.
Rafael Souza Barbosa.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Descontentamento
Descontentamento,
Não há como me contentar
com essas pequenas glórias,
elas não toldam a frustração maior.
De que adianta a estante repleta de títulos
os quais nunca lerá?
O pequeno prazer da compra,
o êxtase das prateleiras abarrotadas –
você nem sequer terminou aquele volume maior de crônicas.
Algo como uma estagnação contida aflora
e toma por completo, contaminando cada poro
do corpo todo, estafo de corpo e alma - -
esta angústia maldita a inflar e a murchar
o frágil coração.
Não, o amor não é mais a minha estação.
Rafael Souza Barbosa.
Não há como me contentar
com essas pequenas glórias,
elas não toldam a frustração maior.
De que adianta a estante repleta de títulos
os quais nunca lerá?
O pequeno prazer da compra,
o êxtase das prateleiras abarrotadas –
você nem sequer terminou aquele volume maior de crônicas.
Algo como uma estagnação contida aflora
e toma por completo, contaminando cada poro
do corpo todo, estafo de corpo e alma - -
esta angústia maldita a inflar e a murchar
o frágil coração.
Não, o amor não é mais a minha estação.
Rafael Souza Barbosa.
domingo, 2 de março de 2008
Regresso ao Mundo
Regresso ao Mundo,
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços... São os teus braços dentro dos meus braços... Via láctea fechando o infinito!
Tomado pela misantropia,
eu me afasto, recluso de tuas
palavras me ponho,
pelas masmorras me arrasto.
Respiro descompassado,
vagante, sem um suspiro,
nem deliro ou me ponho extasiado.
Por algum fado trespassado,
acometido de um instinto descontrolado,
cá errante eu estou
de uma má-escolha vitimado.
Ainda há tempo, amor?
Não mais estou
em meu cárcere involuntário.
Estou sedento de tua presença,
do ecoar dos vocábulos
que de teus lábios despontam
e me põe assim, entregue, apaixonado.
Estou desejoso de ti,
vem, tira-me desta prisão,
desata-me destes grilhões,
desencarcera a minha emoção.
Exercita minha alma puída,
ela surda está, frígida,
necessitada do que corrompe o inefável.
Como posso viver sem teus versos?
Tua boa na minha boca,
teu ser a me por reverso.
Estremeço e desperto,
assim que me pões,
exposto com as vísceras
em descoberto,
e a via láctea fechando o infinito.
Rafael Souza Barbosa.
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços... São os teus braços dentro dos meus braços... Via láctea fechando o infinito!
Tomado pela misantropia,
eu me afasto, recluso de tuas
palavras me ponho,
pelas masmorras me arrasto.
Respiro descompassado,
vagante, sem um suspiro,
nem deliro ou me ponho extasiado.
Por algum fado trespassado,
acometido de um instinto descontrolado,
cá errante eu estou
de uma má-escolha vitimado.
Ainda há tempo, amor?
Não mais estou
em meu cárcere involuntário.
Estou sedento de tua presença,
do ecoar dos vocábulos
que de teus lábios despontam
e me põe assim, entregue, apaixonado.
Estou desejoso de ti,
vem, tira-me desta prisão,
desata-me destes grilhões,
desencarcera a minha emoção.
Exercita minha alma puída,
ela surda está, frígida,
necessitada do que corrompe o inefável.
Como posso viver sem teus versos?
Tua boa na minha boca,
teu ser a me por reverso.
Estremeço e desperto,
assim que me pões,
exposto com as vísceras
em descoberto,
e a via láctea fechando o infinito.
Rafael Souza Barbosa.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Por Sob o Pensamento
Por Sob o Pensamento,
De que adianta se expressar
quando o que se quer
está na plenitude do silêncio?
De que adianta desdobrar a memória
em palavras que traem
a abastada camada da lembrança?
Eu escrevo por temer esquecer,
e por temer eu me negligencio aquilo
que só caberia num ínterim de contemplação,
na completa mudez estagnada
ante o intermitente vislumbre.
Pois só o vislumbre consciente do passado
é puro e verdadeiro, as palavras não são
capazes de captar a essência,
elas sempre subjulgam a tratam com neutralidade
aquilo que lhe deveria ser a razão de existir.
E assim eu degrado minha impressão do passado.
Como traduzir em palavras a magia de nosso encontro?
– meus olhar posto em tua direção, meus sorrisos por mirar-te,
o jeito com o qual moveste o lábio superior para sorrir,
a forma sutil com que teus dedos folhearam o cardápio –
Como transformar uma fina camada nervosa em algo sólido e nítido?
A minha lembrança se esvaece,
e com ela tenho medo de te perder.
Não, eu sei que não te perderia,
mas eu me perderia
por perder a lembrança
onde vive a minha maior significação.
Então, meu amor, eu preciso achar
a medida exata para transpor em palavras
e, assim, solidificar aquilo que se me pode perder.
Ah, mas é tão vasto, tão peculiar
que terei de repousar sobre todo
o mundo gramatical para achar o tom.
E assim eu vou nos narrar prolixicamente sem sentido,
fixo naquilo em que o tempo me toma tão injustamente.
Rafael Souza Barbosa.
De que adianta se expressar
quando o que se quer
está na plenitude do silêncio?
De que adianta desdobrar a memória
em palavras que traem
a abastada camada da lembrança?
Eu escrevo por temer esquecer,
e por temer eu me negligencio aquilo
que só caberia num ínterim de contemplação,
na completa mudez estagnada
ante o intermitente vislumbre.
Pois só o vislumbre consciente do passado
é puro e verdadeiro, as palavras não são
capazes de captar a essência,
elas sempre subjulgam a tratam com neutralidade
aquilo que lhe deveria ser a razão de existir.
E assim eu degrado minha impressão do passado.
Como traduzir em palavras a magia de nosso encontro?
– meus olhar posto em tua direção, meus sorrisos por mirar-te,
o jeito com o qual moveste o lábio superior para sorrir,
a forma sutil com que teus dedos folhearam o cardápio –
Como transformar uma fina camada nervosa em algo sólido e nítido?
A minha lembrança se esvaece,
e com ela tenho medo de te perder.
Não, eu sei que não te perderia,
mas eu me perderia
por perder a lembrança
onde vive a minha maior significação.
Então, meu amor, eu preciso achar
a medida exata para transpor em palavras
e, assim, solidificar aquilo que se me pode perder.
Ah, mas é tão vasto, tão peculiar
que terei de repousar sobre todo
o mundo gramatical para achar o tom.
E assim eu vou nos narrar prolixicamente sem sentido,
fixo naquilo em que o tempo me toma tão injustamente.
Rafael Souza Barbosa.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Recôndito
Recôndito,
Ainda que se fechem as janelas, meu pai, é certo que amanhece.
Hilda Hilst
Devassam-me onipresentes dedos
de voraz tato
com tanta avidez que
pelo colo
dominam meu corpo inteiro.
O toque se distende pelo seio,
as mãos rijas agarram os ombros
que sustentam
a minha lassa carcaça.
Inteiramente entregue,
meus olhos delatam
e relatam
a recôndita culpa
que me fora inquirida.
O ulular ecoa
com meus lábios cerrados,
e a lamúria que se me transborda
pelo olhar
encharca
meu parco leito.
E os braços se me enrolam
e comprimem
de forma
a me asfixiar,
a me punir,
a me torturar.
E eu não escapo
do que me é fado,
do que range os meus ossos
e me consome
do espírito à pele.
Minhas pernas se contraem
e os braços se me atam
e me prostram
enquanto o ardor cresce
e dilata as minhas vísceras.
Queima, meu pai, como queima,
mas sei que hei delinqüido
e essa pena é meu mérito maior.
E eu só gostaria, meu pai,
de que teus braços me envolvessem
e sufocassem,
pois os meus cansam e afrouxam
enquanto eu sei que mais deveria vir
a inflamar-me
e a consumir-me.
Ah, como eu gostaria de que
a mão inquisidora minha não fosse,
de que os braços que me oprimem
pertencessem a outro.
Ah, pai, como eu gostaria de que fosses tu,
não eu,
que me impelisse para esta triste sina,
a arder pela chama que eu mesmo alimento.
Rafael Souza Barbosa.
Ainda que se fechem as janelas, meu pai, é certo que amanhece.
Hilda Hilst
Devassam-me onipresentes dedos
de voraz tato
com tanta avidez que
pelo colo
dominam meu corpo inteiro.
O toque se distende pelo seio,
as mãos rijas agarram os ombros
que sustentam
a minha lassa carcaça.
Inteiramente entregue,
meus olhos delatam
e relatam
a recôndita culpa
que me fora inquirida.
O ulular ecoa
com meus lábios cerrados,
e a lamúria que se me transborda
pelo olhar
encharca
meu parco leito.
E os braços se me enrolam
e comprimem
de forma
a me asfixiar,
a me punir,
a me torturar.
E eu não escapo
do que me é fado,
do que range os meus ossos
e me consome
do espírito à pele.
Minhas pernas se contraem
e os braços se me atam
e me prostram
enquanto o ardor cresce
e dilata as minhas vísceras.
Queima, meu pai, como queima,
mas sei que hei delinqüido
e essa pena é meu mérito maior.
E eu só gostaria, meu pai,
de que teus braços me envolvessem
e sufocassem,
pois os meus cansam e afrouxam
enquanto eu sei que mais deveria vir
a inflamar-me
e a consumir-me.
Ah, como eu gostaria de que
a mão inquisidora minha não fosse,
de que os braços que me oprimem
pertencessem a outro.
Ah, pai, como eu gostaria de que fosses tu,
não eu,
que me impelisse para esta triste sina,
a arder pela chama que eu mesmo alimento.
Rafael Souza Barbosa.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Nos Mares
Nos mares dos desejos
Estou eu entre teus beijos
Nos mares das vitórias
Estás tu; triste história
Nos mares do amor
Estou eu; inferno, calor
Nos mares das conquistas
Estás tu; triste e mentira
Nos mares das crenças
Estou eu; devoto em doenças
Nos mares das vivências
Estás tu; triste essência
Nos mares das virtudes
Estou eu; fora e pútrida.
Sara A. Carra
Estou eu entre teus beijos
Nos mares das vitórias
Estás tu; triste história
Nos mares do amor
Estou eu; inferno, calor
Nos mares das conquistas
Estás tu; triste e mentira
Nos mares das crenças
Estou eu; devoto em doenças
Nos mares das vivências
Estás tu; triste essência
Nos mares das virtudes
Estou eu; fora e pútrida.
Sara A. Carra
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Da Gruta
logo os trabalhos recomeçarão. beijos.
Da Gruta,
E da película fina de carne
que me cobre os ossos
vem o fremido que me faz
bramir,
tremer,
suspirar,
ranger.
E me faço todo de impulsos,
com braços inquietos,
com lábios arquejantes.
E eu sorrio,
rio,
e me agito todo
nesse escombro
sombrio.
Rafael Souza Barbosa.
Da Gruta,
E da película fina de carne
que me cobre os ossos
vem o fremido que me faz
bramir,
tremer,
suspirar,
ranger.
E me faço todo de impulsos,
com braços inquietos,
com lábios arquejantes.
E eu sorrio,
rio,
e me agito todo
nesse escombro
sombrio.
Rafael Souza Barbosa.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Objecto de Decepção
uma poema de carnaval, beijos.
Objecto de Decepção,
Me desprezas com frieza
por eu ter delinqüido.
Me cospes, pisas,
usas de palavras
que me expõem as vísceras
– fazes de meu delito um látego.
Sim, meu amor, arde-me a culpa,
mas não a culpa do ato,
a culpa da culpa,
que por ela me desato,
mato,
longe de ti
que jaz nesse regato.
Por que me consomes assim?
não despojo conseqüências,
mas não desejo o fim.
Vem, meu amor,
faz-me sorrir por ti novamente,
some com essa mácula ardente
antes que o sol se ponha poente.
Rafael Souza Barbosa.
Objecto de Decepção,
Me desprezas com frieza
por eu ter delinqüido.
Me cospes, pisas,
usas de palavras
que me expõem as vísceras
– fazes de meu delito um látego.
Sim, meu amor, arde-me a culpa,
mas não a culpa do ato,
a culpa da culpa,
que por ela me desato,
mato,
longe de ti
que jaz nesse regato.
Por que me consomes assim?
não despojo conseqüências,
mas não desejo o fim.
Vem, meu amor,
faz-me sorrir por ti novamente,
some com essa mácula ardente
antes que o sol se ponha poente.
Rafael Souza Barbosa.
domingo, 27 de janeiro de 2008
Desejos
anseios de não-escrever. bom começo de semana, beijos.
Desejos,
Eu quero o que paira sob a palavra,
a delicada camada de significação
que notas fônicas compreendem e ocultam.
Eu quero a forma pura das coisas,
não a substância, que é um mero meio
delas se firmarem e virem à tona.
Eu quero o olhar, não o toque,
que obstruí os poros e impede
de perceber e sentir livremente.
Eu quero flutuar sobre os versos
não escritos, só pensados, os versos que
abarcam a mais profunda realidade.
Rafael Souza Barbosa.
Desejos,
Eu quero o que paira sob a palavra,
a delicada camada de significação
que notas fônicas compreendem e ocultam.
Eu quero a forma pura das coisas,
não a substância, que é um mero meio
delas se firmarem e virem à tona.
Eu quero o olhar, não o toque,
que obstruí os poros e impede
de perceber e sentir livremente.
Eu quero flutuar sobre os versos
não escritos, só pensados, os versos que
abarcam a mais profunda realidade.
Rafael Souza Barbosa.
domingo, 20 de janeiro de 2008
Poça
um viva à semiótica. um bom começo de semana, beijos.
Poça,
Penetrar a lama,
chafurdar no pântano,
tornar silvo o que era brama.
Calar,
cobrir-se com o lodo,
deixar que o peso
do próprio fado
empurre para o fundo:
não há empuxo.
Esquecer do próprio corpo
como se o colocasse nas mãos de Deus.
Só há as mãos vagas, os cabelos enlameados,
a tranqüilidade do esquecimento,
a serenidade da indulgência,
o olhar cego que mira ininterrupto a vastidão do insubstancial.
Rafael Souza Barbosa.
Poça,
Penetrar a lama,
chafurdar no pântano,
tornar silvo o que era brama.
Calar,
cobrir-se com o lodo,
deixar que o peso
do próprio fado
empurre para o fundo:
não há empuxo.
Esquecer do próprio corpo
como se o colocasse nas mãos de Deus.
Só há as mãos vagas, os cabelos enlameados,
a tranqüilidade do esquecimento,
a serenidade da indulgência,
o olhar cego que mira ininterrupto a vastidão do insubstancial.
Rafael Souza Barbosa.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Limiares
versos, versos, versos... o ser ao reverso.
Limiares,
Ancoro o discurso no silêncio,
no vazio do bizarro âmago
que se faz com a ausência das palavras.
Intermitente,
a carência de nome devassa o íntimo,
ora intensa, ora frouxa,
como se ruísse a soma dos anos.
E o vácuo lexical se dilata e se expande,
devora os traços de civilização que se transportam
em inúmeros e diversos signos carentes de significante.
Impera a quietude, o labiar mudo,
a presença pura da essência,
a exposição da substância íntima e involucral.
Sucumbiram-se os vocábulos,
o cerne escorreu e cobriu a maculada face
com o bruto, essencial, primitivo,
que nos torna dissemelhantes
e tantas vezes espelhados.
Aflora a nossa natureza
por sobre nossa face e corpo,
somos cobertos ao reverso
de que fôramos antes.
Será o ápice, amor?
A pobreza, o fim do coletivo?
A ausência de nome que nos transporta ao universo um do outro?
A entrada naquilo que nos torna unos?
A verdade que se nos enlaça e almagama?
Que nos põe ditos, completos, existentes?
Rafael Souza Barbosa.
Limiares,
Ancoro o discurso no silêncio,
no vazio do bizarro âmago
que se faz com a ausência das palavras.
Intermitente,
a carência de nome devassa o íntimo,
ora intensa, ora frouxa,
como se ruísse a soma dos anos.
E o vácuo lexical se dilata e se expande,
devora os traços de civilização que se transportam
em inúmeros e diversos signos carentes de significante.
Impera a quietude, o labiar mudo,
a presença pura da essência,
a exposição da substância íntima e involucral.
Sucumbiram-se os vocábulos,
o cerne escorreu e cobriu a maculada face
com o bruto, essencial, primitivo,
que nos torna dissemelhantes
e tantas vezes espelhados.
Aflora a nossa natureza
por sobre nossa face e corpo,
somos cobertos ao reverso
de que fôramos antes.
Será o ápice, amor?
A pobreza, o fim do coletivo?
A ausência de nome que nos transporta ao universo um do outro?
A entrada naquilo que nos torna unos?
A verdade que se nos enlaça e almagama?
Que nos põe ditos, completos, existentes?
Rafael Souza Barbosa.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Hades
um pouco de versos. beijos.
Hades,
À margem do Estige, vagante,
com nenhum lugar à barca de Caronte,
procuro o fim da minha sina dilacerante,
procuro o fim do que me é extenuante.
Sob meu peito latejante
trago a marca abrasante
que me põe asfixiante
– meu suspiro ululante
não oculta tal dissonante
sinal de uma vida nauseante.
Arquejante,
não mais me omito a vida aviltante,
que me foi tão frondejante,
que sustentei com rompante,
e digo minha escondida verdade sussurrante.
Arfante,
sob essa luz bruxuleante,
caço entre a treva penetrante
as águas que põem fim ao agonizante,
as águas do Letes chamejante.
Sacrificante,
mergulho no esquecimento, meu único meio edificante.
Rafael Souza Barbosa.
Hades,
À margem do Estige, vagante,
com nenhum lugar à barca de Caronte,
procuro o fim da minha sina dilacerante,
procuro o fim do que me é extenuante.
Sob meu peito latejante
trago a marca abrasante
que me põe asfixiante
– meu suspiro ululante
não oculta tal dissonante
sinal de uma vida nauseante.
Arquejante,
não mais me omito a vida aviltante,
que me foi tão frondejante,
que sustentei com rompante,
e digo minha escondida verdade sussurrante.
Arfante,
sob essa luz bruxuleante,
caço entre a treva penetrante
as águas que põem fim ao agonizante,
as águas do Letes chamejante.
Sacrificante,
mergulho no esquecimento, meu único meio edificante.
Rafael Souza Barbosa.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Matéria de Salvação
Que o novo ano vos traga em brasa a vida e tudo o que ela abarca. abraços.
Matéria de Salvação,
Digo-te com brutalidade porque tenho necessidade de dizer.
As palavras emergem com uma facilidade assustadora,
eu sei,
mas, se não as deixasse emergirem,
acabaria por trair minha espontaniedade.
E, por trair minha espontaniedade,
eu trairia aquilo que tu me fazes sentir
- és meu meio de expressar amor.
Também sou teu meio, teu incerto meio,
sirvo para algo que ainda não sei bem.
Sou um nome qualquer, sem causa ou efeito,
até despontar de teus tenros lábios,
como seis letras vazias que introduzem o pecado.
Tu me fazes e desfazes com sutis timbres,
tuas palavras uníssonas despertam minha existência.
Sou transformado a cada momento em que
confirmas minha vida exercitando minha alma.
Sou o pecado em teus lábios,
O Deus acima de nós me pune por tal leviandade,
a leviandade de ceder minha essência a um mortal.
Traí Deus, traí o espírito superior,
ambos invejam aquilo que possuo,
invejam minha matéria de salvação.
Eles me amaldiçoam por não mais possuírem a minha alma.
Pois alcançei a plenitude não com Suas orações,
mas com o inevitável ardor que me fazes sentir
tão bem.
Vem, dá-me tua mão
- minha alma já tens acorrentada.
Vem, estamos esquecidos por Deus,
podemos andar sem um olhar inquisidor sobre nossas costas.
Podemos andar sem o peso do juízo,
podemos andar sem o martírio divino,
podemos andar juntos livremente,
passo sobre passo,
em direção ao Inferno.
Rafael Souza Barbosa.
Digo-te com brutalidade porque tenho necessidade de dizer.
As palavras emergem com uma facilidade assustadora,
eu sei,
mas, se não as deixasse emergirem,
acabaria por trair minha espontaniedade.
E, por trair minha espontaniedade,
eu trairia aquilo que tu me fazes sentir
- és meu meio de expressar amor.
Também sou teu meio, teu incerto meio,
sirvo para algo que ainda não sei bem.
Sou um nome qualquer, sem causa ou efeito,
até despontar de teus tenros lábios,
como seis letras vazias que introduzem o pecado.
Tu me fazes e desfazes com sutis timbres,
tuas palavras uníssonas despertam minha existência.
Sou transformado a cada momento em que
confirmas minha vida exercitando minha alma.
Sou o pecado em teus lábios,
O Deus acima de nós me pune por tal leviandade,
a leviandade de ceder minha essência a um mortal.
Traí Deus, traí o espírito superior,
ambos invejam aquilo que possuo,
invejam minha matéria de salvação.
Eles me amaldiçoam por não mais possuírem a minha alma.
Pois alcançei a plenitude não com Suas orações,
mas com o inevitável ardor que me fazes sentir
tão bem.
Vem, dá-me tua mão
- minha alma já tens acorrentada.
Vem, estamos esquecidos por Deus,
podemos andar sem um olhar inquisidor sobre nossas costas.
Podemos andar sem o peso do juízo,
podemos andar sem o martírio divino,
podemos andar juntos livremente,
passo sobre passo,
em direção ao Inferno.
Rafael Souza Barbosa.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
A Flama
feliz Natal. beijos.
A Flama,
A chama que seduz,
e clama,
insana conclama
a dama
que amalgama
a própria
lama.
A dama
que embalsama
a mama,
que por baixo da escama
sufoca a própria brama.
Acama,
e nem se quer por um miligrama
de corpo reclama,
pois ainda se esparrama
e difama
e trama
o alheio drama.
E a flama
inflama
a torpe mucama
que pela rama
viveu na cama
e nada proclama,
pois nem o próprio diagrama
verdadeiramente ama.
Rafael Souza Barbosa.
A Flama,
A chama que seduz,
e clama,
insana conclama
a dama
que amalgama
a própria
lama.
A dama
que embalsama
a mama,
que por baixo da escama
sufoca a própria brama.
Acama,
e nem se quer por um miligrama
de corpo reclama,
pois ainda se esparrama
e difama
e trama
o alheio drama.
E a flama
inflama
a torpe mucama
que pela rama
viveu na cama
e nada proclama,
pois nem o próprio diagrama
verdadeiramente ama.
Rafael Souza Barbosa.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Mrs.Teresse
Hoje vou postar uma pequena cena. um bom final de semana a todos, boa noite, boa sorte. beijos.
*
Mrs.Teresse,
*
Há algumas horas, ela dançava entusiasmadamente em um salão moderno; ela dançava delicadamente, como um narciso balançado pelo vento. Seus olhos brilhavam, seu vestido brilhava; ela era toda luz, ora a dançar, ora a flertar com senhores em seus ternos escuros. Sua beleza era realçada com um arquear de sobrancelhas; ela possuía um olhar determinado, profundamente interessado por aquilo que enxergava. Cada passo, cada gesto despretencioso indicava um espírito, uma alma infinitamente livre – ela era verdadeira em si mesma. Sua estabilidade, sua segurança, era oriunda de séculos atrás; ela, pois, herdara essas características de sua avó, de sua mãe, senhoras certas de suas posições, crentes em suas concepções. Com um sorriso, com uma taça à mão, ela exercia habilmente sua capacidade de ser oportuna, extremamente polida sem enfado; ela era a salvaguarda de uma ordinária e habitual convenção social. Talvez, como conseqüência de sua notável presença, ela fosse a preferida de de mr.Fontaine, um cobiçado cavalheiro, abastado e atraente.
“Olá, mrs.Teresse.” ele havia dito há poucos instantes.
“Ah,” ela se virou graciosamente, com uma taça à mão e um sorriso nos lábios “olá, mr.Fontaine.”
“Eu acho que comentei que você poderia me chamar de Tristan, assim como eu a chamo de Teresse.”
“Ah, comentou, sim, mr.Fontaine.” Percebendo o equívoco, ela retifica, com um arquear de sobrancelhas e uma piscadela admirativa “Mas, mr.Tristan, está gostando da festa?” Interessantemente, ela, às vezes, recorria a diálogos triviais demais, sem se desmerecer.
“Uma típica festa de Rowena – pianistas, bebidas e Londres.” Ele comenta ironicamente.”
“Ah, também acho que a mrs.Drake convida pessoas em excesso.”
Ela, conforme a conversa se desenvolvia, tornava-se ainda mais interessante – era isso que mr.Fontaine realmente prezava, a incrível capacidade que Teresse tinha de compreender o que diziam, de prosseguir promissoramente o diálogo, diferentemente daquelas mulheres estúpidas que sorriam vagamente, enfadonhas.
“Não é somente eu, então, que me sinto sufocado entre tantos trajes negros.”
“Não afirmaria com tal veemência, mesmo concordando;” aproxima-se do ouvido de Tristan, num ato de cumplicidade “essas pessoas, porém, acostumaram-se de tal forma a essas festas que nem se preocupam mais – é o trabalho de beber gratuitamente e discutir amenidades.”
Ele achava realmente fantástica sua facilidade para ser sincera e impessoal.
“É, então volto a sentir-me sozinho.” Sorri, realçando sua doce altivez.
“Londres, essas grandes reuniões, essas inúmeras pessoas, constituem o melhor contexto para sentir-se sozinho.” Ela transforma seu sorriso, sem perder a ternura. “E, agora, deixar-lhe-ei um pouco mais sozinho.” Ela acena graciosamente; havia visto mrs.Bell passar, mas a alcançaria facilmente.
Enquanto Teresse se afastava, ele pensava no que seus olhares e sorrisos tentavam exteriorizar; ele pensava na sua atipicidade, ele pensava em como ela o cativava facilmente só por ser ela mesma, extraordinária. Tristan estava feliz, realizado, pleno – ela não lhe deixara mais sozinho.
“Olá, mrs.Teresse.” ele havia dito há poucos instantes.
“Ah,” ela se virou graciosamente, com uma taça à mão e um sorriso nos lábios “olá, mr.Fontaine.”
“Eu acho que comentei que você poderia me chamar de Tristan, assim como eu a chamo de Teresse.”
“Ah, comentou, sim, mr.Fontaine.” Percebendo o equívoco, ela retifica, com um arquear de sobrancelhas e uma piscadela admirativa “Mas, mr.Tristan, está gostando da festa?” Interessantemente, ela, às vezes, recorria a diálogos triviais demais, sem se desmerecer.
“Uma típica festa de Rowena – pianistas, bebidas e Londres.” Ele comenta ironicamente.”
“Ah, também acho que a mrs.Drake convida pessoas em excesso.”
Ela, conforme a conversa se desenvolvia, tornava-se ainda mais interessante – era isso que mr.Fontaine realmente prezava, a incrível capacidade que Teresse tinha de compreender o que diziam, de prosseguir promissoramente o diálogo, diferentemente daquelas mulheres estúpidas que sorriam vagamente, enfadonhas.
“Não é somente eu, então, que me sinto sufocado entre tantos trajes negros.”
“Não afirmaria com tal veemência, mesmo concordando;” aproxima-se do ouvido de Tristan, num ato de cumplicidade “essas pessoas, porém, acostumaram-se de tal forma a essas festas que nem se preocupam mais – é o trabalho de beber gratuitamente e discutir amenidades.”
Ele achava realmente fantástica sua facilidade para ser sincera e impessoal.
“É, então volto a sentir-me sozinho.” Sorri, realçando sua doce altivez.
“Londres, essas grandes reuniões, essas inúmeras pessoas, constituem o melhor contexto para sentir-se sozinho.” Ela transforma seu sorriso, sem perder a ternura. “E, agora, deixar-lhe-ei um pouco mais sozinho.” Ela acena graciosamente; havia visto mrs.Bell passar, mas a alcançaria facilmente.
Enquanto Teresse se afastava, ele pensava no que seus olhares e sorrisos tentavam exteriorizar; ele pensava na sua atipicidade, ele pensava em como ela o cativava facilmente só por ser ela mesma, extraordinária. Tristan estava feliz, realizado, pleno – ela não lhe deixara mais sozinho.
sábado, 8 de dezembro de 2007
O Objecto Abjecto
um bom final de semana a todos. abraços.
O Objecto Abjecto,
Há algo involucral que fremi e perturba.
Amalgamado, há algo que persegue.
Mantemo-nos em fuga, esgueirando
furtivamente pelos nossos vãos.
O constante subterfúgio é o que nos
Impulsiona, que tolda as cinzas das horas.
Somos rápidos, somos fortes;
somos vulneráveis, somos frágeis.
Durante a fuga, tentamos distender
a massa indivisível, dissolvê-la.
Nossa essência também se distende,
e se perde, e se degrada ao passo de.
Temos de voltar, temos de recuperar
nosso ser mais profundo, temos de
reaver aquilo que sem não sobreviveremos.
Temos de mesclar o sentimento de forma que
ele se torne vivível, que se acople à substância
de forma não nociva, que se torne tolerável.
Não mais esmorecimentos, não mais esquivas
exasperantes, infindáveis – não mais objecto abjecto.
Um indício de quietude, a paz dos mortos pré-vida...
Comum a nós, reconhecível em nós,
o pulsar primitivo que nos permite compreender,
compreendermos a mim, a ti – compreendermos a nós.
A força selvagem que nos torna humanos.
Rafael Souza Barbosa.
Há algo involucral que fremi e perturba.
Amalgamado, há algo que persegue.
Mantemo-nos em fuga, esgueirando
furtivamente pelos nossos vãos.
O constante subterfúgio é o que nos
Impulsiona, que tolda as cinzas das horas.
Somos rápidos, somos fortes;
somos vulneráveis, somos frágeis.
Durante a fuga, tentamos distender
a massa indivisível, dissolvê-la.
Nossa essência também se distende,
e se perde, e se degrada ao passo de.
Temos de voltar, temos de recuperar
nosso ser mais profundo, temos de
reaver aquilo que sem não sobreviveremos.
Temos de mesclar o sentimento de forma que
ele se torne vivível, que se acople à substância
de forma não nociva, que se torne tolerável.
Não mais esmorecimentos, não mais esquivas
exasperantes, infindáveis – não mais objecto abjecto.
Um indício de quietude, a paz dos mortos pré-vida...
Comum a nós, reconhecível em nós,
o pulsar primitivo que nos permite compreender,
compreendermos a mim, a ti – compreendermos a nós.
A força selvagem que nos torna humanos.
Rafael Souza Barbosa.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Orquestra Desarmônica
O mundo é uma orquestra.
Cada um de nós,
Somos os instrumentos
Os instrumentos estão
Tocando tonalidades
Pelas quais estão sendo
Atraídos.
Tocando tonalidades
Pelas quais estão sendo
Atraídos.
Alguns estão surdos.
Estão fora da tonalidade
Que todos deveriam estar
Tocando.
Estão fora da tonalidade
Que todos deveriam estar
Tocando.
Há harmonia em
Uma parte da orquestra.
A outra parte não está
Ouvindo bem.
Outros estão desobedecendo
O maestro.
Uma parte da orquestra.
A outra parte não está
Ouvindo bem.
Outros estão desobedecendo
O maestro.
Ouvir, ouvir e sentir.
É necessário para que
Haja completa harmonia.
É necessário para que
Haja completa harmonia.
domingo, 2 de dezembro de 2007
Escaparemos do "nada"?
Um dia todos nós nos tronaremos cinzas de nosso próprio eu! É, é um texto estilo Barroco, mas que importa? Não seremos, nós, apenas 50% luz, coisas boas e etc e 50% terror, sombra escuridão?
É natural evitarmos pensar que morreremos como todos os outros, nossa tendência é nos imaginarmos especiais, com poderes sobrenaturais e não sei o quê. E ainda reclamamos quando uma criança, brincando de super-herói, atrapalha nossa tão mais importante fofoca com a vizinha.
Hoje acordei irritada, revoltada. E quando isso acontece, não meço minhas palavras, afinal, eu sou mais importante que todo mundo e todo mundo é mais importante que eu. Mas, na minha cabeça, apenas eu sou mais importante que todo mundo, a 2a parte não interessa.
Até eu perceber que toda essa minha importância, se reverterá em cinza, em sombra, em NADA! NADA, NADA, NADA! O "nada" ainda ecoa em minha cabeça, com suas milhões de micropartículas de som de "nada" em minha cabeça.
Olhamos para um mendigo e pensamos com orgulho no que nos tornamos- o que, claro, é uma grande comparação. Pensamos nos nossos sonhos realizados, no nosso conforto e etc, e olhamos entre orgulhosos e penosos para o ser que ali habita, deitado, com frio, com fome, com sede, bêbado e sem esperanças.
Há aqueles que acreditam em céu e inferno, aqueles que acreditam na vida após a morte... até aqueles que, simplesmente, não acreditam, mas todos se julgam os donos das verdades absolutas, como se nós, seres humanos, tivéssemos a capacidade e a responzabilidade de carregarmos um fardo tão pesado, mesmo sabendo que, só por levantarmos cedo, já reclamamos de 1001 coisas que nem sabemos direito quais são e o por quê da reclamação.
E, pra finalizar eu pergunto aos meus tristes leitores: mesmo se um dia beeem remoto tivermos toda a verdade em nossas mãos, formos os donos da verdade, escaparemos do "nada"?
*Eu avisei que era um texto estilo Barroco, donos da verdade*
Sara Carra
É natural evitarmos pensar que morreremos como todos os outros, nossa tendência é nos imaginarmos especiais, com poderes sobrenaturais e não sei o quê. E ainda reclamamos quando uma criança, brincando de super-herói, atrapalha nossa tão mais importante fofoca com a vizinha.
Hoje acordei irritada, revoltada. E quando isso acontece, não meço minhas palavras, afinal, eu sou mais importante que todo mundo e todo mundo é mais importante que eu. Mas, na minha cabeça, apenas eu sou mais importante que todo mundo, a 2a parte não interessa.
Até eu perceber que toda essa minha importância, se reverterá em cinza, em sombra, em NADA! NADA, NADA, NADA! O "nada" ainda ecoa em minha cabeça, com suas milhões de micropartículas de som de "nada" em minha cabeça.
Olhamos para um mendigo e pensamos com orgulho no que nos tornamos- o que, claro, é uma grande comparação. Pensamos nos nossos sonhos realizados, no nosso conforto e etc, e olhamos entre orgulhosos e penosos para o ser que ali habita, deitado, com frio, com fome, com sede, bêbado e sem esperanças.
Há aqueles que acreditam em céu e inferno, aqueles que acreditam na vida após a morte... até aqueles que, simplesmente, não acreditam, mas todos se julgam os donos das verdades absolutas, como se nós, seres humanos, tivéssemos a capacidade e a responzabilidade de carregarmos um fardo tão pesado, mesmo sabendo que, só por levantarmos cedo, já reclamamos de 1001 coisas que nem sabemos direito quais são e o por quê da reclamação.
E, pra finalizar eu pergunto aos meus tristes leitores: mesmo se um dia beeem remoto tivermos toda a verdade em nossas mãos, formos os donos da verdade, escaparemos do "nada"?
*Eu avisei que era um texto estilo Barroco, donos da verdade*
Sara Carra
Uma Ave sem Destino
Sou um pássaro que voa sem destino. Tenho poder para controlar minhas asas, mas não para controlar para onde vou.
Não tenho domínio da minha vontade, por isso, ela me domina. Sou levado pelo vento sem fazer idéia para onde. Sob mim, há apenas o azul das águas. Sua beleza estende-se pelo horizonte. Quanto mais me distancio, mais o brilho do sol aproxima-se de mim.
A claridade escurece minha visão. Agora já nem vejo onde estou. Devagar minhas asas se fecham. Com rapidez desço e ao aproximar-me do solo, elas se abrem novamente. Não sei onde pousei, mas a terra é fofa. Caminho e apesar de não poder ver, percebo que se trata de uma montanha.
Quando surge a noite, volto a ver. Na escuridão, eu estou perdido e sem saber para onde ir. O silêncio e o frio me fazem companhia em vão. A solidão que sinto é mais forte que qualquer consolo.
Sábado Ou Domingo
Acabei há pouco o texto abaixo e resolvi postá-lo. Não encontrei alguma categoria textual para enquadrá-lo, então o deixo como um pequeno monólogo. Bom começo de semana a todos.
*
Sábado ou Domingo
*
A massa disforme de corpos em movimento contínuo oprime meus movimentos. As listras brancas estão cobertas por pés em passo ininterrupto, a marcha dos organismos vivos encobre todo e qualquer vão de chão tangível - eu estou imóvel enquanto observo o andar compassado da multidão. As cores que passam, múltiplos matizes discrimináveis, tingem a paisagem abastadamente, preenchendo-a com borrões hipnotizadores de variados corpos - eles me seduzem, eles me atraem para o meio daquela constante desordem.
Minha forma corpórea é impelida para a enorme aglomeração enquanto minhas pernas começam seu movimento frenético de seguir em frente. Eu sorrio por instantes, o calor da profusão de corpos faz-me sentir seguro, afasta a sensação fria de um dia de inverno. Um dia de inverno - sábado ou domingo? Não saberia dizer sem raciocinar sobre os dias anteriores. Intrinsecamente, não me importava o dia exato. Era um dia qualquer, mais um dia; o dia. Se eu me reportasse ao que vivia, a discriminação nominatória deles não faria algum sentido verdadeiro: eram nomes. Nomes que surgem, sucedem-se e repetem, sem alguma significação verdadeira. Nem ao menos o próprio domingo pode ser considerado significativo. Eram somente nomes que estabeleciam uma ordem e referência; não para mim. Havia me despojado daquele traço de civilização, começara a encarar aqueles períodos claros e escuros como um bloco contínuo de condições. O dia sucedia a noite e a noite sucedia o dia em ciclos circulares que nunca acabam. Às vezes, a roda aumenta ou diminui a rotação, mas nunca deixa de rodar da mesma forma. Penso que esta sucessão não passa de um reflexo da própria vida: a multidão anda em dada cadência, que diminui e acelera conforme algo indefinível, e acaba por estagnar em um marolar imutável. Isso me ocorre talvez por minha vida ser assim: é fado a tentativa de impor aos demais a própria condição em uma tentativa de reconhecimento. Eu tento reconhecer minha condição sem me afastar da realidade coletiva, buscando em outros indivíduos as mesmas características que me atormentam como forma de justificação – a justificação individual não possui intensidade suficiente para se manter e consolidar. Busco ir do individual para o coletivo como forma de sufocar o questionamento de forma que a existência se torne mais palpável e menos desenfreada – ir para o comum é um modo de garantir o controle e compreensão.
Agora, deixarei que meu corpo tome parte à profusão. Quero deixar que ele suma em meio a esses matizes para que eu encontre na totalidade a substância de existir que me falta – quero que a justificativa imparcial da multidão me circunde e contenha de forma com que eu consolide a minha vida com a consistência de uma verdadeira definição. Quero me submeter ao passo vulgar de forma com que a sua verdade seja a minha verdade, de forma com que eu possa me justificar de forma saciável e única.
Agora, eu me abandono do indivíduo como um corpo coletivo, destituindo-me de toda e qualquer subjetividade.
Minha forma corpórea é impelida para a enorme aglomeração enquanto minhas pernas começam seu movimento frenético de seguir em frente. Eu sorrio por instantes, o calor da profusão de corpos faz-me sentir seguro, afasta a sensação fria de um dia de inverno. Um dia de inverno - sábado ou domingo? Não saberia dizer sem raciocinar sobre os dias anteriores. Intrinsecamente, não me importava o dia exato. Era um dia qualquer, mais um dia; o dia. Se eu me reportasse ao que vivia, a discriminação nominatória deles não faria algum sentido verdadeiro: eram nomes. Nomes que surgem, sucedem-se e repetem, sem alguma significação verdadeira. Nem ao menos o próprio domingo pode ser considerado significativo. Eram somente nomes que estabeleciam uma ordem e referência; não para mim. Havia me despojado daquele traço de civilização, começara a encarar aqueles períodos claros e escuros como um bloco contínuo de condições. O dia sucedia a noite e a noite sucedia o dia em ciclos circulares que nunca acabam. Às vezes, a roda aumenta ou diminui a rotação, mas nunca deixa de rodar da mesma forma. Penso que esta sucessão não passa de um reflexo da própria vida: a multidão anda em dada cadência, que diminui e acelera conforme algo indefinível, e acaba por estagnar em um marolar imutável. Isso me ocorre talvez por minha vida ser assim: é fado a tentativa de impor aos demais a própria condição em uma tentativa de reconhecimento. Eu tento reconhecer minha condição sem me afastar da realidade coletiva, buscando em outros indivíduos as mesmas características que me atormentam como forma de justificação – a justificação individual não possui intensidade suficiente para se manter e consolidar. Busco ir do individual para o coletivo como forma de sufocar o questionamento de forma que a existência se torne mais palpável e menos desenfreada – ir para o comum é um modo de garantir o controle e compreensão.
Agora, deixarei que meu corpo tome parte à profusão. Quero deixar que ele suma em meio a esses matizes para que eu encontre na totalidade a substância de existir que me falta – quero que a justificativa imparcial da multidão me circunde e contenha de forma com que eu consolide a minha vida com a consistência de uma verdadeira definição. Quero me submeter ao passo vulgar de forma com que a sua verdade seja a minha verdade, de forma com que eu possa me justificar de forma saciável e única.
Agora, eu me abandono do indivíduo como um corpo coletivo, destituindo-me de toda e qualquer subjetividade.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Culto ao Meu Deus Onírico
Um pouco de poesia romântica em verso de minha autoria para começar a semana. aliás, um bom começo de semana a todos. abraços.
Pudera eu te atar ao meu corpo:
tornar-te-ia refém dos meus craprichos.
Culto ao Meu Deus Onírico,
Pudera eu te atar ao meu corpo:
tornar-te-ia refém dos meus craprichos.
*
Perpetuaria teus lábios postos sobre os meus,
em um contanto intermitente com tal intensidade
que me faz ficar eriçado; cessaria o atrito
no momento em que falasses, no momento em que
findasses o saciamento do corpo para iniciar
a satisfação da alma.
Perpetuaria teus lábios postos sobre os meus,
em um contanto intermitente com tal intensidade
que me faz ficar eriçado; cessaria o atrito
no momento em que falasses, no momento em que
findasses o saciamento do corpo para iniciar
a satisfação da alma.
*
Colocaria teu peso sobre mim, com as mãos
a deslizar pelo corpo, destras e perceptíveis,
em um compasso de fremir toda a carcaça humana.
Teu busto me pressionaria de forma intensa e constante,
garantiria a segurança física de que tanto necessito,
proteger-me-ia da ardilosa insegurança que me toma
e avilta tão facilmente.
Colocaria teu peso sobre mim, com as mãos
a deslizar pelo corpo, destras e perceptíveis,
em um compasso de fremir toda a carcaça humana.
Teu busto me pressionaria de forma intensa e constante,
garantiria a segurança física de que tanto necessito,
proteger-me-ia da ardilosa insegurança que me toma
e avilta tão facilmente.
*
Eternizaria o brilho que teus olhos emanam,
que contagia os meus a fazer-me estremecer
e sorrir parvamente, libertando meu dócil
espírito infantil, desejoso de se aventurar
por tantas vielas que ocultas em ti.
Eternizaria o brilho que teus olhos emanam,
que contagia os meus a fazer-me estremecer
e sorrir parvamente, libertando meu dócil
espírito infantil, desejoso de se aventurar
por tantas vielas que ocultas em ti.
*
Ah, quisera eu que o infindável dos nossos encontros
transcendesse a memória e atingisse a realidade,
transformando-nos em matéria bruta que sustenta tão
densa existência, unindo-nos em uma só alma inapartável.
transcendesse a memória e atingisse a realidade,
transformando-nos em matéria bruta que sustenta tão
densa existência, unindo-nos em uma só alma inapartável.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Dama de Luz
Hoje vou postar um soneto classicista, composto exclusivamente para a revista literária. Boa leitura e bom resto de semana.
A conduzir a carruagem de
Febo, foste posta, ó dama minha,
A traçar, em um céu de Nyx, fios de
Luz, eterna rutilante rainha.
Dama de Luz,
A conduzir a carruagem de
Febo, foste posta, ó dama minha,
A traçar, em um céu de Nyx, fios de
Luz, eterna rutilante rainha.
*
Incrédula, Vênus vetou a verdade,
Negou que refulgiste, fez-te tinha,
expurgou-te do que era azul e verde,
baniu-te da vida, ò dama minha.
Incrédula, Vênus vetou a verdade,
Negou que refulgiste, fez-te tinha,
expurgou-te do que era azul e verde,
baniu-te da vida, ò dama minha.
*
Tua carruagem não mais trilhara
Em céus negros, que outrora avivara,
A prostrar-me em escuridão fria.
Tua carruagem não mais trilhara
Em céus negros, que outrora avivara,
A prostrar-me em escuridão fria.
*
A mim e a ti Vênus condenara,
No breu infindo, sem ti, eu jazera,
Amando-te sem tarde, noite e dia.
Amando-te sem tarde, noite e dia.
Rafael Souza Barbosa.
sábado, 20 de outubro de 2007
Encanto Hipnótico
Estivemos ausentes no blog devido a pesquisa para a feira de ciências; voltamos potencialmente energizados. Gostaria de agradecer todas as críticas que recebemos, além de ressaltar minha gratidão por alguns comentários que consumaram a validade do trabalho. Obrigado!
Então, como passei semanas sem postar, vim colocar um poema meu hoje. Pensei em fazer um breve comentário sobre ele, mas não vou: deixarei a livre interpretação. Uma boa noite.
Encanto Hipnótico
Buscar o prazer,
O toque dos lábios no escuro;
O êxtase em se perder, embevecido.
Cerrar os olhos,
Ver o mundo à frente sumir;
Adentrar nos encantos da noite.
Erguer as pálpebras;
Fitar um teto nu
Como se fosse repleto de estrelas;
Ser ofuscado por seu brilho ilusório.
Vislumbre finito.
Só há o peito nu
Onde a cabeça repousa;
As ilusões pertencem ao ébano da noite.
Então, como passei semanas sem postar, vim colocar um poema meu hoje. Pensei em fazer um breve comentário sobre ele, mas não vou: deixarei a livre interpretação. Uma boa noite.
Encanto Hipnótico
Buscar o prazer,
O toque dos lábios no escuro;
O êxtase em se perder, embevecido.
Cerrar os olhos,
Ver o mundo à frente sumir;
Adentrar nos encantos da noite.
Erguer as pálpebras;
Fitar um teto nu
Como se fosse repleto de estrelas;
Ser ofuscado por seu brilho ilusório.
Vislumbre finito.
Só há o peito nu
Onde a cabeça repousa;
As ilusões pertencem ao ébano da noite.
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